Jeremias e os Falsos Profetas

11. Isto diz o Senhor dos Exércitos. Não queirais ouvir as palavras dos profetas, que vos profetizam e vos enganam; falam as visões dos seus corações, não da boca do Senhor. Dizem àqueles que me blasfemam: O Senhor o disse; vós tereis a paz; e a todos aqueles que andam na corrupção do seu coração, disseram: Não virá sobre vós mal. Mas qual deles assistiu ao conselho do Senhor, e viu e ouviu a sua palavra? Quem considerou a sua palavra, e o ouviu? _ Eu não enviava estes profetas, e eles corriam; não lhes falava nada, e eles profetizavam. _ Tenho ouvido o que disseram os profetas, que em meu nome profetizaram a mentira, e dizem: Sonhei, tenho sonhado. Até quando se achará isto no coração dos profetas que vaticinam a mentira, e que profetizam as seduções do seu coração?
_ Pois se te perguntar este povo, ou o profeta, ou o sacerdote, dizendo: Qual é o peso do Senhor? Lhes direis: Vós sois o peso, porque eu vos hei de arrojar, diz o Senhor. (Jeremias, XXIII: 16-18; 21; 25-26; 33).

Luís

Espírito Protetor, Carlsruhe, 1861

É sobre esta passagem do profeta Jeremias, que quero vos entreter, meus amigos. Deus, falando pela sua boca, disse: "É a visão do seu coração que os faz falar". Essas palavras indicam claramente que, já naquela época, os charlatães e os vaidosos abusavam do dom de profecia e o exploravam. Abusavam, portanto, da fé simples e quase cega do povo, predizendo por dinheiro coisas boas e agradáveis. Essa espécie de embuste estava bastante generalizada entre os judeus, e é fácil compreender que o pobre povo, em sua ignorância, estava impossibilitado de distinguir os bons dos maus, e era sempre mais ou menos enganado pelos impostores ou fanáticos que se diziam profetas. Nada é mais significativo do que estas palavras: "Eu não enviava estes profetas, e eles corriam; não lhes falava nada, e eles profetizavam". Mais adiante, encontramos: "Tenho ouvido o que disseram os profetas que em meu nome profetizaram a mentira, e dizem: Sonhei, tenho sonhado". Indicava, assim, um dos meios então empregados para explorar a confiança do povo. A multidão, sempre crédula, não pensava em lhes contestar a veracidade dos sonhos ou das visões, porque achava tudo muito natural e convidava sempre os profetas a falarem.

Depois das palavras do profeta, ouvi os sábios conselhos do apóstolo São João, quando diz: "Não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Porque, entre os invisíveis, há também os que se comprazem em enganar, quando encontram oportunidade. Os enganados são, bem entendido, os médiuns que não tomam as necessárias precauções. Temos nisto, sem dúvida, um dos maiores escolhos, contra o qual muitos se chocam, sobretudo quando são novatos no Espiritismo. É uma prova, de que não podem triunfar senão com muita prudência. Aprendei, pois, antes de tudo, a distinguir os bons dos maus Espíritos, para não vos tornardes vós mesmos em falsos profetas.

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